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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Ser criança


Hoje eu sonhei com uma doce senhora. Ela estava linda e com a mesma expressão maternal de sempre. Ela me ensinava a plantar uma orquídea em um vaso de terra muito úmida, e eu nem sabia que orquídea precisa de solo úmido, mas ela sabia. Entre várias mudas misturadas dentro de um pote ela escolheu a que eu achei mais bonita e mesmo sem que ela soubesse era a única que tinha raíz. Ela pegou aquela muda minúscula com tanto cuidado e tanta doçura que eu me senti envergonhada por ter jogado as mudas de qualquer jeito no pote. Plantou a muda com a delicadeza de uma mãe que carrega seu bebê nos braços. Ela me explicou alguma coisa, da qual não me lembro sequer uma palavra, mas sei que no momento certo eu lembrarei.

Sempre que ouço essa música lembro da casa dos meus avós, lugar onde realmente fui criança!

Ser criança
Padre Antônio Maria

Misterioso e belo tempo de criança
Brincar sonhando de ser grande e ser doutor
Saborear na mãos dos pais a confiança
E ter a primavera toda numa flor

Uma gotinha de orvalho era um brilhante
E as goteiras do beiral, mil soldadinhos
Vivia com eternidade, um só instante
Um grilo e um louva-deus, meus amiguinhos

Vassoura usada, cavalinho de corrida
A professora, mais que um gênio de Aladin
O quintalzinho da vovó, maior que a vida
A igrejinha, uma catedral pra mim

Tudo era puro, tão verdade, a ilusão
Nossa pobreza era a riqueza mais contente
Mesmo brincando de polícia e de ladrão
Nunca a maldade nos tocou nem levemente

A gente cresce, parece fechar-se a porta
Desse país, aonde o sonho tudo alcança
Por isso hoje, uma coisa só importa
Deixar o coração de novo ser criança

Assim se é mesmo vivendo desenganos
Maior que a grandeza, embora pequenino
A gente é feliz, não vê passar os anos
Se nosso coração for brincar, sempre um menino.

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